domingo, agosto 28, 2005

Medo


E ele se esconde.
Tal qual encontra uma pilastra
para disfarçar sua grandeza.
Domados, cedemos
e nos fazemos títeres:
de quanto mais conhecemos
mais escravos somos!
Quisera aquela época
quando a sabedoria não me tocava
e era simples veículo
do intocável.
Nunca havia visto tal pilastra
e vivia sorrindo pelos cantos.
Olha cá como estou agora!
Tremendo bambo nas pernas,
sorrindo de meio-lado,
falando de sorte,
falando de morte...

E ele se esconde.
Mas a pilastra é fina demais
eu o vejo nas entreformas.
Tento me esconder também,
mas sou de carne e osso,
não adianta esconderijo.
Esqueço da pilastra
que já está impressa no inconsciente;
ando pra lá e pra cá,
impaciente.
O que está atrás dela é a incerteza
que me persegue,
mas prefiro não saber
porque algo me rege.
Algo forte e estranho...
olha eu cá acolhido!
Com estes olhos chorosos,
com estas lágrimas verdadeiras.

E ele se esconde.
Não porque teme,
simplesmente por ser oculto.
O que me atinje é que lá está ela
imóvel, intacta, impassível,
a pilastra que guarda o meu medo.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Hum... eu tenho a impressão, que é quase uma certeza minha, que quanto mais crescemos (envelhecemos) mais medos temos, medo do que hoje somos, do que podemos ou não nos tornar, do próximo passo, e do outro... E saudade do tempo pueril, em que devido ao pequeno tamanho nos sobrava a coragem.
E o medo impede, aprisiona, mutila, cala e cega de tal maneira que esquecemos o que nos norteia, se é que algum dia soubemos.


P.S.: Não vi aquele sorriso hehe... da próxima vez não passa!

Beijinhos pra você. Hum... e eu gosto um bocado de você.

5:55 PM  
Blogger henrique said...

às vezes tenho vontade de conformar minha cabeça p'ra esquecer esta pilastra maldita. Não consigo, não dá...

6:41 PM  
Anonymous Anônimo said...

krak vc como sempre se superando, ultimamente estou sem a minima vontade de escrever... + vou fazer o possivel pra manter meus pensamentos nos papeis... abraçaum kra...

3:36 PM  

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